14 de abr. de 2011

A GRANDE FESTA DE ENCERRAMENTO DO ESPAÇO IMPRÓPRIO!


O fim!

É COM IMENSA ALEGRIA QUE CONVIDAMOS VOCÊ PARA A GRANDE FESTA DE ENCERRAMENTO DO ESPAÇO IMPRÓPRIO!

O Impróprio é um espaço (Anti)Cultural, autogestionário e anti-hierárquico que começou em junho de 2003. Localizado no Centro de São Paulo, o espaço vem oferecendo eventos com shows, palestras, debates, oficinas, vídeos, uma biblioteca, estúdio, lanchonete vegan e um bar.

Durante os dias 22, 23 e 24 de abril de 2011, estaremos encerrando as atividades do Espaço Impróprio organizando uma grande festa. A ideia é juntar debates, palestras, shows, oficinas, exposições e performances de grupos independentes, que serão apresentados no próprio espaço, mas desta vez ocupando todos os 03 pisos da casa. Serão 3 dias de atividades, das 10h à 0h, totalizando 42 horas de programação. Durante todo evento serão servidas refeições veganas (sem nenhum produto de origem animal).
O CICLO SE FECHOU.

Foram oito anos de existência. Oito anos tentando, trocando de pessoas, reformando e construindo. Foram anos de muito trabalho, anos de muitas alegrias, tristezas, angústias, tensões, conversas e longas reuniões. Muitas vezes estávamos aqui com o coração batendo a mil por hora, correndo de um lado para o outro, arrumando o som, fazendo comida, trocando ideia, conhecendo as pessoas, nos apaixonando. Muitas coisas boas apareceram por aqui, conhecemos pessoas do mundo todo, gente que com certeza nunca conheceríamos. Aprendemos, ensinamos e trocamos experiências. E sabemos que todos que um dia passaram por aqui sentiram algo desse tipo, ou pelo menos parecido com todos esses sentimentos intensos.

Mas durante todos esses anos algo muito maior nos aprisionou. Uma cultura que nos engole. O capitalismo que nos cerca por todos os lados. Um estilo de vida que não se sustenta. Falta de estrutura, dívidas, discussões, falta de tempo, desânimo e o que pra gente é a nossa maior contradição: a dura necessidade de fazer o que você não quer para continuar de pé. Anos e anos tentando sobreviver e a impressão que restou é de um futuro condenado a ser a repetição do passado. Há muito tempo estamos sendo sustentados pelo nosso próprio eixo, pelo puro fluxo e rotação dos acontecimentos. Não há um ponto central porque não há questão de vontade, mas apenas obediência de fluxo.

Já não conseguimos cumprir nossa proposta há muito tempo. Nosso prazer e satisfação de unir as pessoas, construir redes, debater, aprender e ensinar já não está mais sob nosso controle. O prazer se transformou em trabalho e isso já não é uma escolha consciente para nós, pelo contrário, surgiu repentinamente como o resultado da competição e da rotina capitalista.

Sabemos que aqui não vamos encontrar novas maneiras para seguir em frente mais uma vez. Não sem um mínimo prazer de olhar para trás ou para frente inspirados e convencidos de que era realmente por isso que lutávamos todos os dias.

No começo nossa intenção era fazer o espaço andar sozinho, com uma energia auto suficiente baseada em responsabilidade individual, cooperação voluntária, participação no processo de decisões e felicidade. Uma organização descentralizada onde todos poderiam ser úteis para si próprios e para os outros. Como todos, tínhamos muitos projetos e aqui nossas ansiedades nunca foram saciadas. Queríamos seguir nossas ambições individuais, deixando uma estrutura estável e ajudando o todo na manutenção, para ali conseguir construir uma rotina coletiva que fosse criativa, espontânea e que carregasse em si a semente de alguma boa aventura.

Parecia fácil pra gente armazenar entre nosso grande grupo de afinidade uma energia desse tipo. Uma que suprisse as simples necessidades do espaço e dividisse de uma maneira justa e harmônica um compromisso de gerir a estrutura que pela prática se mostrou ser de interesse mútuo.

Foi dai que aos poucos esse conceito e essa concepção de atividade criativa caiu. Nós queríamos tanto ver nosso esforço sendo compreendido e assimilado pelos nossxs amigxs e aliadxs, que sem perceber negligenciávamos a nós mesmxs e um ao outro. Sacrificando quase por completo o que mais tínhamos de valioso: a nossa paixão!

E é com extrema tristeza que palpitamos que muitos dos que passaram por nós deixaram vazar essa riqueza inigualável. É difícil explicar, mas nós tínhamos uma vida. E por nós passaram tantas pessoas que não tinham as suas, pessoas carentes querendo viver a nossa vida, ou só o pedaço que lhes interessava. Sem oferecer nada em troca e contribuição nenhuma. O que era tido como uma dádiva coletiva, logo passou a ser um recurso público para essas pessoas usarem ao seu bel prazer… e sem vida elas o fizeram, como tratores.


Muito do que éramos morreu. Para nós ateus, quando algo morre não nos resta muita coisa, só o amor e a paixão. Essa percepção é delicada pois se em algum momento de tormento se perde a lucidez, nossa força matriz se extingue. Pois é preciso auto controle, auto conhecimento e amor próprio. A paixão é o combustível para nós que temos tão poucas crenças.

Nossa lucidez de saber parar por aqui é dor. Mas é também o único prazer que podemos conhecer. É a única coisa que agora pode ter semelhança com a alegria. É da exaustão ao silêncio do simples estar, do silêncio da compreensão que os anos se foram. Ainda ao perceber o que há de bonito no que o tempo não esmagou, nos dedicamos aos amigxs que muitas vezes sonharam, sofreram e sorriram junto conosco, nos esforços e no ganho que foi ver tantas vezes o que acreditamos e achamos justo sendo feito. E com que garra!

Então, se somos todxs prostitutas culturais,
este é o meu sexo.
estuprado,
sangrado,

deixado de lado.

e se a vida é feita de contradições…
isto é uma espada,

uma pena,
uma carta bomba de efeito moral.
um triângulo de 4 lados,

de soma certa e resultado errado.

cada palavra contradizendo a anterior
contradizendo a anterior

contradizendo a anterior

uma ânsia que nunca acaba

um desejo parcialmente satisfeito

uma vida que não foi.


uma vida que busca ainda ser!!!

Tentamos, e foi com unhas e dentes, entre trancos e barrancos. Batemos a cabeça na parede, nos machucamos, machucamos os outros também, mas o que tínhamos a perder era valioso demais. E viver a vida, continuar dia após dia, pensar sempre que estamos perdendo [e o pior, se acostumar a isso...], enriquecer um grupo privilegiado, tudo isso era como não poder respirar ou olhar para o lado. E tenho certeza de que muitos de vocês já passaram, ou passam todos os dias da vida por isso. E não é mesmo nenhuma novidade. É até mesmo clichê.

Mas se há algo de especial nessa situação em encarar o fim, se há algo exclusivamente triste em estar fazendo isso, ainda tão apaixonado, é pensar que construir um espaço libertário pode ser algo individualmente libertador. Tomara que o que vivemos não seja regra, tomara que se sentir aprisionado não seja sempre uma condição infinita para determinar o fim de nossos esforços.

LUCIDEZ. DOR. ALIENAÇÃO. E NISSO SE VÃO OS ANOS…

Ao lutar e resistir a dor de todos os dias da vida, com idéias como arma, você acaba aprendendo a enganar você mesmo. Você começa a sentir que seu coração te coloca contra a parede. Ele te faz repensar em tudo que você acredita, ele faz você perceber o que você não quer ver. E a partir dai cria-se uma guerra dentro de você. Emocional e racional. E mesmo suas ideias sendo fortes demais, elas te traem o tempo inteiro. O inimigo está dentro de você. Parece um jogo. E você depois de muito treinamento consegue enganar seu coração e segue de consciência limpa. Ou pelo menos acha que o enganou. Você sente que está forte e que esta fazendo o que “deve de ser feito”.
E assim, tudo parece seguir normalmente. Por muito tempo nos acostumamos com toda atmosfera, com o estresse, com o andar dos dias, com o tédio de ter que ficar ali trabalhando em algo de ganho tão lento que chega a desanimar. Você guarda os sonhos um a um em gavetas muitas vezes inacessíveis, nós acostumamos com a repetição das imagens, com os carros parados na rua, com as buzinas, com a poluição, com o corre corre, com as contas, com dinheiro, sem dinheiro. E aos poucos vamos banalizando o que há de mais importante em nossa essência. As vezes nós libertários nos enganamos achando que não fazemos parte de tudo isso a nossa volta. E continuamos a seguir em frente normalmente. O que é irônico pois a sensação que sempre vem depois, é de que se o mundo quase nascesse para ser visto assim, sobre nossas lentes críticas e arrogantes.


A vida nessa cultura é assim… Podemos perceber isso em qualquer lugar. Todos nós acabamos enganando a nós mesmos. É simples descrever a vida não é? E vamos nós! Seguindo nosso caminho de alienações cada vez mais sofisticadas.

TODO FIM É UM COMEÇO…

O que precisamos fazer a partir de agora é modificar os espaços e ambientes para melhor, mudar nossas intenções, permitirmos a nós mesmos viver em melhores condições e construir coisas que se mantenham distantes desse sentimento de normalidade, desse conformismo, longe da rotina nuclear e das mesmas expectativas. Nós sabemos que essa decisão nos levará para muito além dos horizontes que podemos enxergar agora. E não podemos negar que temos medo do que acontecerá com nossas vidas, mas sempre acreditamos que “o que arriscamos revela o que valorizamos”. Somente assim poderemos proporcionar maior felicidade para nós mesmos, para, aí sim, transmitir essa felicidade. Nós nos consideramos parte do problema e precisamos agora de algo realmente radical, de um divisor de águas que seja justo com nossas ambições, mas também com nossas vidas. E que isso proporcione algo vivo dentro de nós ou nos enterre para sempre!


O QUE PRECISAMOS FAZER É DESTRUIR PARA CONSTRUIR UMA NOVA BUSCA PELA NOSSA LIBERDADE.

Você já percebeu que a sua felicidade depende da sua liberdade e do respeito pela sua individualidade? Podemos lutar por um novo destino, tanto individualmente como coletivamente. Devemos, hoje, construir qualquer coisa que realmente queiramos ver construída, feita passo a passo por nós mesmos. Devemos desistir das coisas que nos oprimem e começar a recusar tudo que nos é imposto. Ir mudando mesmo que gradativamente nosso estilo de vida e torná-lo cada vez mais independente e sustentável. Precisamos sim mudar o que está a nossa volta, mas mudarmos, cada um a si mesmo, é uma meta crucial para começarmos a acreditar que outros modos de vida são possíveis de se concretizar.
E é aqui, durante esses três dias de atividades, que queremos reunir e inspirar as pessoas para discutirmos essa grande destruição individual. A proposta é darmos um primeiro passo em busca da nossa tão sonhada autonomia. Conhecer nossos próprios desejos, nossas capacidades e vontades é um caminho que nos levará para bem longe desse mundo que conhecemos, criando e recriando nosso próprio potencial pessoal. Vamos precisar aprender coisas difíceis, mudar sentimentos e estar abertxs para novas visões. Mas em uma inspiradora viagem de autoconhecimento, descobriremos tudo aquilo que somos capazes de ser.

PARA ESSES 3 ÚLTIMOS DIAS DO ESPAÇO IMPRÓPRIO, TRAGA SUAS IDEIAS, SEUS CONHECIMENTOS E SUAS INSPIRAÇÕES. AFINAL, E DE UMA VEZ POR TODAS, O MUNDO EM QUE TEMOS QUE VIVER É CONSTRUÍDO PELA VONTADE E ESFORÇO DE TODxS. SEJA BEM VINDX E JUNTE-SE A NÓS!


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