A palmeira Juçara (Euterpe edulis – Arecaceae) é uma espécie de extrema importância para a biodiversidade da Mata Atlântica. Seus frutos servem de alimento para mais de 70 espécies de animais e aves, sendo considerada espécie chave para a conservação de florestas no Bioma. O alto valor comercial do palmito faz dele um dos produtos florestais mais explorados há séculos, e para sua obtenção é necessário o corte da palmeira. Devido ao extrativismo predatório e ilegal do palmito, a planta é cortada antes mesmo de se reproduzir, causando um grande impacto na regeneração natural. Hoje, a espécie passa por um momento crítico pela expressiva redução de suas populações naturais e está incluída na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção (MMA, 2008).
A escolha da Palmeira Juçara aliada à dispersão de sementes, presença de avifauna e condições específicas (umidade, sombra e calor) para sua ocorrência, promove, junto com ela, a preservação e ampliação de seu habitat natural, a Mata Atlântica. A preservação e recuperação deste bioma asseguram o seu papel ecológico de regulação do fluxo dos mananciais, manutenção da fertilidade do solo, fixação de carbono, proteção das encostas das serras e alta variabilidade genética.
O PROJETO
O Projeto Juçara se fundamenta na divulgação e expansão da utilização dos frutos da palmeira juçara para produção de polpa alimentar e seu uso na culinária; consolidação de sua cadeia produtiva, por meio da difusão do manejo sustentável da juçara para geração de renda, associada a atividades de recuperação da espécie e da Mata Atlântica; e a reconversão produtiva de áreas, contribuindo com a fixação de carbono.
É fruto da construção conjunta com as comunidades rurais e tradicionais onde as instituições atuam, com apoio de parceiros locais, sendo elas foco deste projeto. O projeto tem objetivos de consolidação, recuperação e monitoramento da espécie, utilizando metodologias participativas e articulação em rede que envolve outras instituições em diversos estados brasileiros, além de diversas ações de divulgação e comunicação do projeto e seus resultados.
A metodologia proposta procura estimular a participação das comunidades e agricultores em todas as etapas dos projetos e dos empreendimentos, para que possuam uma visão completa de todas as fases da cadeia produtiva. Procura-se garantir as atividades produtivas e extrativistas tradicionais problematizando as realidades de conservação dos recursos naturais, dos mercados, do planejamento, das formas de organização e de associativismo e da contabilidade das atividades e dos resultados. Procura-se estabelecer uma visão sistêmica dos seus empreendimentos, subdivididos em 3 segmentos: a produção de matérias primas; a transformação dos produtos; e a comercialização.
O Projeto Juçara, proposto pelo IPEMA (Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica) em parceria com AKARUI – Associação para Cultura, Cidadania e Meio Ambiente, será realizado nos municípios de Ubatuba, São Luiz do Paraitinga e Natividade da Serra, que integram áreas do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM), nos Núcleos Picinguaba e Santa Virgínia.
Na região do Núcleo Picinguaba os participantes são predominantemente comunidades tradicionais (quilombolas e caiçaras). Na área do Núcleo Santa Virginia os participantes são predominantemente proprietários rurais (agricultores familiares, propriedades de veraneio, fazendas produtivas). O conjunto compõe a quase totalidade de situações de relações do Parque com seu entorno.
Para a concretização das ações propostas, além da parceria estreita com as comunidades, tem como parceiros: a Fundação Florestal, através da UC do Parque Estadual Serra do Mar; da Universidade de Taubaté (UNITAU), na pesquisa de fixação de carbono da espécie; das Prefeituras de Ubatuba e São Luiz do Paraitinga, entre outros que de diversas formas contribuem para o sucesso da iniciativa.
Processamento das sementes
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