16 de fev. de 2012

A experiência na Ilha das Peças


A experiência na Ilha das Peças



A Ilha das Peças pertence ao Município de Guaraqueçaba da Comarca de Antonina/PR. Atualmente, conforme relato dos moradores, a Ilha das Peças possui entre 300 a 350 habitantes, os quais têm sua origem e ascendência relacionada à história que envolve essa Ilha. Guaraqueçaba faz parte do Complexo Estuarino-Lagunar Iguape-Paranaguá, o qual é composto por cinco municípios: Iguape, Cananéia, Guaraqueçaba, Antonina e Paranaguá. Entretanto, é em Guaraqueçaba que existe a maior concentração de Unidades de Conservação da Floresta Atlântica, sendo considerado o maior e mais diverso complexo de áreas naturais protegidas do litoral brasileiro. Vila das Peças é denominação atribuída pela comunidade que reside na Ilha das Peças e conforme relato de moradores, esta, atualmente, envolve todos os moradores da Ilha. Já houve outras comunidades como Guarituba e Ponta do Indaiaeiro que foram se integrando a Ilha das Peças.



A Ilha das Peças tem influências indígenas, dos índios Carijós que residiam no litoral paranaense, como também do comércio de escravos que, conforme relato dos moradores, com a proibição do comércio de escravos da África para o Brasil, clandestinamente, essa negociação ocorria na região da Baía de Guaraqueçaba, em razão dos navios não poderem chegar a Paranaguá com as “peças” a mostra. Peças era o nome que se dava aos escravos, ficando assim bem caracterizada a influência do comércio de escravos na Ilha das Peças.

Dizem alguns moradores da Ilha das Peças, que a região era um local para tratar os negros que chegavam doentes em navios europeus para, posteriormente e clandestinamente, serem vendidos em Paranaguá. Com os constantes ataques aos navios negreiros clandestinos, a população que trabalhava no comércio de escravo acabou fixando-se na Ilha. A comunidade local da Ilha se considera uma comunidade caiçara e segundo a história contata pelos mais antigos, essa comunidade é fruto dos colonizadores portugueses, indígenas e negros. A economia da comunidade da Ilha das Peças está relacionada principalmente a pesca, mas também estão presentes a agricultura, a caça de subsistência, o turismo, o artesanato e o extrativismo vegetal e do mangue.

Com relação à história local, ora descrita, cabe ressaltar que a única bibliografia encontrada, especificamente, da Ilha das Peças, é oriunda de um material elaborado pelo projeto Cultimar da Universidade Federal do Paraná, cuja organização e mapas é de responsabilidade de um morador da Ilha das Peças, Renato Pereira de Siqueira, que por meio de suas pesquisas realizadas de forma auto-didata, conseguiu organizar, em parceria com a comunidade, a história da região.

A comunidade da Ilha da Peças

Os principais problemas levantados foram:

1) A energia elétrica ainda não abrange toda a comunidade;

2) O elevado valor dos impostos concernentes a taxa de ocupação – muitos moradores com dívida ativa;

3) Proibição aos descendentes da comunidade local de construir casas, em razão da legislação ambiental;

4) Exclusão de alguns moradores nos programas sociais como bolsa família e auxílio ao portador de necessidades especiais;



5) Dificuldade econômica no período do defeso;
6) Dificuldades em obter informação acerca da ação que a comunidade moveu contra a Petrobras em razão do derramamento de óleo na região, que prejudicou as atividades econômicas da comunidade;
7) Alguns moradores não possuem documento de identidade, nem RG;
8) Dificuldade com os turistas no manejo do lixo;


9) Conflitos locais pela dificuldade de comunicação entre órgãos ambientais desconhecimento da lei ambiental.

Entrevistas com a comunidade local e turistas

Gestão do Lixo:
A Ilha das Peças sofre grande impacto ambiental em conseqüência do lixo produzido pelos autóctones e pelos turistas. A ilha não recebe turismo de massa, o que, em parte, lhe é favorável, pois se esse tipo de turismo ocorresse, o problema do lixo seria de maior gravidade. O Governo do Estado do Paraná afirma ter um programa regular de coleta de lixo semanal nas ilhas pertencentes ao estado, informação essa que não foi confirmada pela população local. A comunidade informou que, às vezes, a cada três meses, aparece o barco do lixo, mas não sabem que tipo de lixo é removido da ilha, já que não se encontra corretamente acondicionado, nem qual a sua destinação.
O governo não pode ser negligente na sua responsabilidade quanto à sustentabilidade ambiental da ilha. O lixo deixado por tanto tempo na ilha pode trazer doenças além de inúmeros outros resultados negativos para a população, para o meio ambiente e para o desenvolvimento do turismo na área.

O governo, portanto, não pode escapar à responsabilidade de proteger os recursos naturais, pois essa proteção faz parte de seu papel. Entretanto, devemos considerar a responsabilidade da iniciativa privada e das instituições de ensino, na medida em que devem interagir de forma consciente, buscando alternativas tecnológicas, através de investimentos e pesquisas, com o objetivo de desenvolver soluções que minimizam os impactos causados pela produção do lixo. Uma solução viável e simples para o destino dos resíduos - apropriada para uma comunidade de poucos habitantes - seria a utilização da compostagem, uma vez que de 50 a 60% do lixo produzido é constituído de matéria orgânica e poderia se tornar uma solução barata e extremamente eficaz para a redução do volume de lixo gerado, além da reciclagem de materiais, programas de educação ambiental. Essas são ações de baixo custo que favorecem a diminuição dos impactos ambientais, além de proporcionar economia de energia e abrir a possibilidade de geração de empregos com negócios economicamente viáveis derivados da reciclagem.

Outra alternativa seria determinar algumas ações junto aos turistas e aos autóctones, tais como:

• A Ilha deveria ter um centro de visitantes onde os turistas receberiam informações sobre a fragilidade do sistema.

• O turista será encarregado de levar consigo o lixo que produziu durante a sua estadia na ilha.

• Utilização de produtos “feitos em casa” nas pousadas.

• Programas de reciclagem realizado com a comunidade e os turistas, uma forma de educação ambiental.

• Artesanato feito de lixo reciclado que poderia servir de fonte de renda para os autóctones.



O certo é que providências precisam ser tomadas. De que adianta transformarmos um paraíso em Sítio

do Patrimônio Natural da Humanidade se não conseguimos, sequer, resolver o problema do lixo

gerado nesse mesmo paraíso.


Doenças transmissíveis pelo lixo.

Transmissores Modo de Transmissão Doenças/Sintomas

Rato

Mordida, pulga e urina Tifo, Peste e Leptospirose

Mosca Doméstica e Varejeira Contaminação dos alimentos através das patas e do corpo Febre tifóide, Verminose, Gastroenterite

Barata e Formiga Contaminação dos alimentos através das fezes, patas e do corpo Febre tifóide, Giardíase e outras doenças gastrointestinais

Mosquito Picada da fêmea

Dengue, Malária e Febre amarela

Escorpião Picada Causa muita dor em crianças e idosos e pode causar alterações respiratórias, cardíacas, coma e morte.



Classificação do lixo

Classe I

(Perigosos) Apresentam risco à saúde pública ou ao meio ambiente, caracterizando-se

por possuir uma ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade e patogenicidade.



Classe II

(Não Inertes) Podem ter propriedades como: combustibilidade, biodegradabilidade em solubilidade, porém não se enquadram como resíduo Classe I ou III.

Classe III

(Inertes) Não tem constituinte algum solubilizado em concentração superior ao padrão de potabilidade de águas.


Cronograma da Pesquisa:

03/01/2012

Entrevistados nativos, turistas com nível superior e crianças.

Por Monique Serrano – Ambientalista.
organizado por: RTRN

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